segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Hospital Municipal em São José dos Campos tem fila de três horas

“Hospital Municipal tem fila de três Horas” O Vale, Sábado, 21 de agosto de 2010

Notícias ruins envolvendo serviços de saúde é a rotina. Filas enormes, erros freqüentes colocando em risco a vida de milhares de pessoas que buscam soluções para problemas e que, com freqüência, encontram mais problemas. Nos EUA, das 110 milhões de prescrições de antibióticos por ano, quase a metade é considerada desnecessária; 2 milhões de pacientes adquirem “infecções hospitalares”, levando a quase 100 mil mortes aproximadamente outros 100 mil morrem em eventos associados a “erro médico”. Mais de 30% do que é gasto com saúde que é apenas desperdício poderia ser eliminado ou evitado. Números assustadores e impressionantes que, se compararmos com nossa infra-estrutura assistencial, seriam ainda mais alarmantes no Brasil.

Uma revolução silenciosa vem ganhando espaço nas instituições de saúde no mundo e com resultados impressionantes, mas ainda pouco conhecida no Brasil: a Mentalidade Enxuta. Usando princípios do modelo de produção adotado pela Toyota há décadas, a Mentalidade Enxuta (Lean) foca essencialmente no cliente, como criar valor e produzir os resultados esperados pelo cliente. O que quer um cliente que chega ao pronto socorro? Certamente alívio rápido do seu sofrimento, seja ele qual for. E como melhorar esse acesso? A Mentalidade Enxuta envolve uma mudança de paradigma para um novo “estado mental”, e essa nova mentalidade é de fato revolucionária na forma com que prestamos assistência.

Sobrecarga de trabalho, excesso de responsabilidades e insatisfação são a rotina nos serviços de saúde, e não poderia ser diferente no Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Regional do Vale do Paraíba, responsável pelo tratamento quimioterápico de boa parte dos pacientes com câncer na região (que realiza hoje, mais de 1.000 procedimentos de alta complexidade/mês), o serviço vem utilizando técnicas de gestão enxuta há 2 anos com resultados impressionantes; sendo o mais relevante deles o aumento em 60% da capacidade de atendimento entre 2007 e 2010, aumentando a qualidade do serviço ofertado (Certificado com Excelência pela ONA em 2009), reduzindo a sobrecarga de trabalho sobre os colaboradores e eliminando boa parte do desperdício; investindo apenas na melhoria dos processos de atendimento através da “mentalidade enxuta”, focados no cliente.

Infelizmente pouca informação e muito preconceito retardam a disseminação da Mentalidade Enxuta nos sistemas de saúde do Brasil; mas países como Canadá e Reino Unido, onde a assistência é predominantemente pública, ela vem sendo aplicada com tremendo sucesso, ampliando o volume e a qualidade dos serviços dentro dos recursos disponíveis. Numa implantação Lean, o primeiro setor atacado é sempre o pronto-socorro, o “gargalo” de todo hospital; lá as mudanças são rapidamente revertidas em benefícios: menos filas; menos risco; menos desperdício; mais satisfação e valor para todos, clientes (pacientes) e profissionais.

Há sim uma forma de “enxugar a fila” no Hospital Municipal, e resolver inúmeros outros problemas nos sistemas de saúde; mas a solução “Lean” não começa por aumentar no número de profissionais disponíveis para atendimento; começa olhando através dos olhos do cliente, como uma nova forma de encontrar soluções para os mesmos problemas.

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