sexta-feira, 28 de maio de 2010

Estatinas e a Redução do Risco de Cancer

Não sou um defensor das estatinas, nada de especial, só não gosto do nome delas “estatina...” No entanto, parece que elas podem de fato “parar” a evolução de alguns tipos de câncer. Mais evidências estão disponíveis sobre essa associação.
Sabemos que o uso prolongado das estatinas reduz os níveis de colesterol, risco de ataque cardíaco e derrame. Existem boas evidências desse efeito e essa classe de drogas está aprovada para esse fim (veja links abaixo, em inglês apenas).
A discussão agora é sobre seus efeitos incidentais. Dois estudos recentes do BMJ e do JCO discutem os efeitos inesperados das estatinas na Inglaterra e País de Gales e o melhor resultado do tratamento para pacientes com câncer de próstata em uso de estatinas na Universidade de Chicago.

Os fatos:

O estudo europeu é um grande estudo de coorte, com mais de 2 milhões de pacientes incluídos. Leia em tradução livre:
“Estatinas não estão significativamente associadas ao risco de desenvolver doença de Parkinson, artrite reumatóide, tromboembolismo venoso, demência, fratura osteoporótica, câncer gástrico, de cólon, pulmão, melanoma, rim, mama, ou próstata. Seu uso está associado a uma redução do risco de desenvolver câncer de esôfago mas risco aumentado de disfunção hepática moderada à séria, insuficiência renal aguda, miopatia moderada a grave, e catarata. (...) Todos os riscos de complicações persistiram durante o tratamento e foi maior durante o primeiro ano”.

O estudo pode ser considerado negativo exceto pela redução de risco de câncer de esôfago, com efeitos tóxicos consideráveis (para o figado, rins, músculos e olhos). Como o estudo é muito grande e genérico, os autores sugerem estudos complementares dirigidos a grupos de risco individualizado.

O estudo da Universidade de Chicago identificou uma evolução melhor para pacientes tratados por câncer de próstata quando usando estatinas. É um estudo retrospectivo de 691 homens, 189 usaram estatinas e foram tratados entre 1988 e 2006. Pacientes em uso das estatinas permaneceram mais tempo livres de progressão bioquímica ou progressão clínica. Nessa análise, os autores associaram o melhor resultado aos níveis menores de colesterol (especialmente LDL). O benefício envolveu pacientes de baixo, médio e alto risco.
Hoje temos evidências clínicas (como as acima) e pré-clinicas da potencial atividade anti-câncer das estatinas com propriedades pró-apoptóticas, antiproliferativas e radiossensibilizadoras.

E daí, o que fazer?

Devo tomar estatinas para prevenção de câncer de próstata e esôfago?
Ou devo me exercitar mais para reduzir meu colesterol LDL (onde provavelmente reside o benefício)?

Mexa-se....

Link para evidências sobre o uso de estatinas: http://ht.ly/1R7cM
Estudo Inglês e de Gales: http://ht.ly/1R7iT
Estudo de Chicago: http://ht.ly/1R7eS

domingo, 2 de maio de 2010

Colonoscopia salva vidas: fazer o exame uma vez reduz mortalidade por câncer colorretal

A colonoscopia flexível, feita pelo menos uma vez para homens e mulheres entre 55 e 64 anos tem impacto significativo na mortalidade por câncer colorretal. Em estudo envolvendo mais de 170 mil homens e mulheres submetidos a controle ou screening com colonoscopia foi identificada uma redução de 23% na incidência e 31% na mortalidade por câncer colorretal quando analisados por intenção de tratamento. Na análise por protocolo, a redução foi ainda maior: 33% e 43% para incidência e mortalidade, respectivamente.
Esses números são impressionantes e reforçam o papel da colonoscopia na redução da mortalidade por câncer colorretal.

O que fazer então?
Se você tem mais de 55 anos faça uma colonoscopia pelo menos uma vez… o benefício é duradouro.

Veja artigo no The Lancet: http://ht.ly/1E6Fo

Mais sobre a vitamina D: redução do risco de câncer de mama.

Estudo recente publicado no American Journal of Clinical Nutrition indentificou que mulheres que tomam suplemento de vitamina D (400IU/dia) têm redução no risco de desenvolver câncer de mama superior a 20%. Não foi identificada relação de dose resposta com consumo de cálcio ou outro suplemento.

Consumo na dieta de vitamina D ou cálcio não pode ser identificado como variável independente. O estudo envolveu mais de 6 mil mulheres do Registro de Câncer de Ontário entre grupo de estudo e controle entre 2002 e 2003.

Mais uma vez parece que a vitamina D protege contra o câncer. Leia mais:

Comentários no Medscape: http://ht.ly/1G3P5 (em inglês).

Resumo do artigo: http://ht.ly/1G49K